adeus ou até já
[É sempre triste ver jornais terminaram. No caso do Comércio do Porto trata-se de um jornal secular com uma implementação muito personalizada na zona do Porto... Tenho dois amigos que trabalham na Capital. Talvez os dois jornais ainda sejam comprados... quem sabe. Mas não deixa de ser lamentável. A Capital era um jornal conhecido, nos últimos tempos, como um bom sítio para se estagiar porque havia sempre fortes possibilidades de se fazer de seguida um estágio profissional - comparticipado 50% pelo Instituto de Emprego -, o que é algo muito positivo no actual panorama jornalístico. Esse programa traz grandes vantagens, mas a verdade é que as empresas jornalísticas, especialmente dos grandes jornais, nunca consideram sequer essa possibilidade... rídiculo.]
Redacção adiou a tristeza para editar o último jornal"Pela primeira vez não sei o que hei-de dizer. O encerramento de A Capital afecta-me do ponto de vista sentimental. Surpreende-me muito a velocidade do processo", afirmou-nos ontem Appio Sottomayor, que chegou ao jornal em 1969 e há 21 anos escreve crónicas que já fazem parte da história de Lisboa.
Jornalistas quiseram "dar o litro até à última"
Trabalhadores inconformados querem acreditar que é apenas um "até já"
Desânimo, desilusão, choro, consternação, todas as palavras são eufemísticas para descrever o ambiente na redacção d
´O Comércio do Porto, cuja última edição sai hoje para as bancas. Lágrimas que não cessam de cair, cigarros que se devoram atrás de cigarros, revolta, silêncios, palavras de quem tenta esconder a decepção por uma morte subitamente anunciada. Durante a tarde, alguém avisa que caiu a fachada de um edifício numa rua contígua, quase uma metáfora maldosa para a ruína de um jornal com 151 anos de história. O mais antigo diário da imprensa continental, com uma redacção extremamente jovem, fecha hoje as portas. Adeus
ou até já?
Inconformados com o facto de a Prensa Ibérica ter entrado com "promessas de mundos e fundos e abandonar o barco de forma tão repentina", os trabalhadores criticam o facto de lhes terem sido dadas esperanças com possíveis compradores", quando o prazo "era manifestamente irrisório".